Voltei. E para mudar os móveis de lugar, fazer desse um espaço diferente.
Quando comecei a Fonte em abril de 2023 pensei em registrar e dividir o que sei sobre literatura e escrita. Seria tão fácil, era só repassar o que aprendi com outros escritores e revelar detalhes do meu processo de escrita. Questão de colocar uma palavra depois da outra e apertar um botão.
A minha ingenuidade me lembrou das pessoas que me procuram dizendo ter a história perfeita: “Melhor história do mundo, estou te dando de graça o seu novo romance. Só tem que ouvir e colocar no papel”.
Mas se é só colocar no papel, por que você não faz?, eu pergunto.
Não fazem porque uma ideia perfeita na teoria se torna imperfeita quando posta em prática. E trabalhosa, arriscada ou inviável.
O que me incomodava na primeira versão da Fonte era a falta de tempo para publicar textos profundos sobre o processo de escrita. É um tema que amo e conheço profundamente, mas com o lançamento de “Chuva de Papel”, a coluna do Globo, um livro para sempre se escrevendo, dois filhos em formação e o rigor de aproveitar a vida eu não dei conta.
Entendi que precisava aprender a ser professora, e isso não era ter que encaixar umas horas a mais no meu dia. Era ter que encaixar uma vida na minha vida.
E no entanto.
Eu não quero fechar esse espaço.
Creio que tenho algo a dizer e que preciso de um lugar na internet mais pessoal e com menos ruído.
Questão de recomeçar (sou boa nisso).
Quero falar sobre algo imenso que me aconteceu.
Eu acabei de fazer 50 anos.
Este 5 ao lado do 0 tornou visível o limite da minha existência. Eu vou morrer, e embora qualquer pessoa possa morrer a qualquer instante, fazer 50 anos me lembrou que agora há mais possibilidades de instantes relativos ao fim.
Não sobra muito tempo pra eu aprender a viver a melhor versão da minha existência.
Em outras palavras: entrei na fase do no bullshit. Na fase do agora ou nunca.
E tenho me perguntado como eu posso viver essa melhor versão. A versão mais consciente, sábia e feliz.
Como eu devo viver essa minha Segunda Vida.
E é sobre isso que eu quero escrever. Sobre tudo que de repente se tornou essencial. Meditação, budismo, gentilezas, filosofias, arte, litearatura, caminhadas, praia e ondas, estamina, familia, finitude, natureza e mundo interior. Sobre novas escolhas e crenças e descobertas.
Até breve, e obrigada por me acompanhar neste novo começo que, eu espero, também termine na meia idade, quando eu estiver com uns 100 anos e ainda saudável e lúcida (ah, meu otimismo, ele sempre me salvou).
Diz a minha mentora de consciência corporal (ela é muito mais do que uma professora de ginástica) que, se tudo der certo, nossa geração vai mesmo chegar aos 100 anos fácil, então precisamos compartilhar dicas e informações de como chegar lá com saúde. Ansiosa pelas tuas reflexões.
Ansiosa para ler também sobre esses temas dos "50 anos". Com certeza, servirão de motivo de reflexão para mim, que também já entrei na era do 5.0